O futebol é um desporto de eras.
Os tubarões mantêm-se quase sempre no topo e são raras as equipas mais pequenas que conseguem cimentar a sua posição entre os maiores da modalidade e conquistar troféus.
Este é um artigo sobre 4 clubes de futebol e 3 projetos que acreditamos que valerá a pena seguir nos próximos 10 anos de futebol:
4 clubes de futebol a acompanhar:
RB Leipzig
O projeto da Red Bull para o futebol é polarizante: tem muitos adeptos e ainda mais opositores.
Por um lado, houve um investimento monetário fortíssimo que incomoda todos aqueles que gostam de um futebol mais romântico e orgânico.
Por outro lado, os princípios do projeto assentam na juventude, num estilo de jogo moderno e veloz e jogadores de quem é fácil gostar.
Aquilo em que todos podemos concordar é que o RB Leipzig é o clube com maior margem de progressão no futebol mundial e com muita fome para conseguir aquilo que ainda não tem: títulos.
A aposta constante em treinadores corajosos e fascinantes (Rangnick, Hasenhuttl e agora Nagelsmann) é meio caminho andado para a equipa encurtar, a cada época, o fosso que a separa dos gigantes internos e europeus.
Depois, há a juventude da equipa, que permite a evolução sustentável do projeto.
Por fim, temos o modelo bem desenhado e estável: um jogo direto, agressivo, rápido e que cumpre os princípios do gegenpressing como imaginado por Rangnick e a sua escola de treinadores.
Há dois marcos essenciais para avaliar o projeto de Leipzig e que vão definir o sucesso do mesmo na próxima década:
- a vitória na Bundesliga, terminando com o reinado do Bayern Munique;
- a vitória de uma competição europeia.
Em 2031 cá estaremos para fazer o balanço!
Brentford e Midtjylland
O que têm em comum um clube de futebol da Primeira Liga dinamarquesa e do Championship inglês? Imenso, na verdade.
Ambas as equipas têm o mesmo dono e a mesma filosofia, baseada numa forte utilização da ciência e da matemática ao serviço do futebol.
Se não conhecerem e quiserem uma referência, talvez a maior seja mesmo o projeto que deu origem a Moneyball, o filme de Hollywood com Brad Pitt, que conta a história de um diretor de uma equipa de baseball que deixou de usar o seu instinto e passou a olhar para números, e somente para números, para tomar decisões.
É um tudo ou nada aquilo que se passa com o Brentford e o Midtjylland.
No caso do clube dinamarquês, o modelo já deu mesmo para vencer três campeonatos, algo que seria impensável há vinte anos, quando o clube estava ainda nos campeonatos amadores do país.
Entretanto, não só o clube conseguiu ter sucesso nacional, como chegaram mesmo à fase de grupos da Liga dos Campeões desta época, conseguindo empates frente a Liverpool e Atalanta.
O Brentford, apesar de ser um clube centenário, nunca esteve na Premier League, mas está perto de o conseguir.
Através do uso de analytics e de um recrutamento que tenta ir buscar talento desperdiçado dos grandes clubes, o Brentford tem feito um trajeto sustentado que o aproxima da maior liga do mundo.
No ano passado, perdeu apenas no último jogo dos play-offs. Este ano, segue em posições de apuramento direto e, se continuar a boa época, para o ano estará na presença dos grandes do futebol inglês.
Sevilla Fútbol Club
Nós sabemos… parece estranho o Sevilla aparecer neste texto.
Afinal de contas, é um clube com múltiplas competições europeias conquistadas, tem várias décadas de presenças na La Liga e alguns dos melhores jogadores de futebol de sempre passaram por lá.
O que faz do Sevilla uma equipa que possa surpreender na próxima década de futebol?
Vamos confundir-vos ainda mais: o que faz do Sevilla uma equipa que possa surpreender é exatamente o mesmo que fez do Sevilla um dos clubes mais bem-sucedidos da década passada: um señor chamado Monchi.
Monchi entrou no Sevilla há exatamente vinte anos, quando a equipa desceu de divisão e percebeu que o clube precisava de mudar a sua mentalidade.
Ao novo diretor desportivo, foi pedido que desenvolvesse um plano para a formação de jovens e que fosse capaz de contratar jogadores baratos, para depois torná-los em estrelas e vender com um lucro assinalável.
O projeto não poderia ter corrido melhor!
A formação do Sevilla deu à equipa jogadores como Capel, Sérgio Ramos ou Jesus Navas e as compras no mercado permitiram lucros altíssimos com jogadores previamente desconhecidos, como Dani Alves, Rakitic, Seydou Keita ou Adriano.
Mas mais importante do que isso: o Sevilla ganhou 6 vezes a Liga Europa nos últimos 15 anos. Um recorde absoluto!
Ora, Monchi, que saiu em 2017 para a AS Roma, está agora de volta a Sevilha e promete renovar o desafio.
O clube é hoje muito mais sólido que há vinte anos e depois de tantas Liga Europa ganhas, o objetivo será repetir a fórmula na Liga dos Campeões, a rainha de todas as competições de clubes.
Se durante a próxima década o conseguir, então Monchi cimentará o seu nome na História do futebol como o melhor diretor desportivo de todos os tempos.
Estaremos atentos.