A menos de 3 meses de iniciar a próxima época da F1, são mais as perguntas do que as certezas.
Novas regras, uma dança de cadeiras única e incertezas relativamente à performance da maioria das equipas, numa modalidade que tem ganho mais adeptos novos do que qualquer outra, à custa de uma docuseries da Netflix e do espectáculo televisivo que apresenta.
As novas regras financeiras da F1
A grande esperança dos fãs de F1, que querem ver maior competitividade no topo, é que o novo tecto de gastos (fixado em 145M$ para toda a época) seja um factor de maior equilíbrio.
Na prática, as equipas mais fortes continuarão a sê-lo, porque se o dinheiro interessa muito num desporto motorizado, os condutores, engenheiros e managers são o que, em último caso, desequilibra a contenda.
Ainda assim, um tecto de gastos na performance dos carros vai assegurar que as marcas mais robustas em termos financeiros não possam fazer uso desses recursos para se destacar da concorrência.
A título de exemplo, Mercedes e Ferrari gastaram mais de €400M em épocas anteriores.
Leclerc ou Sainz – Quem será o rei na Ferrari?
Charles Leclerc conseguiu, em pouco tempo, o impensável: posicionar-se claramente como o líder da Ferrari, numa equipa que tinha Vettel.
Muito mais novo que o alemão, e sem os títulos daquele, Leclerc acabou líder da scuderia pura e simplesmente à custa do seu carisma e performance.
Agora, a narrativa pode voltar-se contra ele. Com a entrada de Carlos Sainz na Ferrari, Leclerc terá no seu companheiro de equipa um piloto igualmente jovem, excitante e carismático.
O monegasco continuará a ser o chefe de fila? Tudo dependerá da performance.
A Red Bull terá, finalmente, o seu sidekick desejado?
A Red Bull Racing há muito encontrou o seu piloto perfeito: Max Verstappen, o homem que está a uma reforma de Lewis Hamilton de distância de se tornar campeão do mundo.
O holandês não engana – é um favorito da marca e dos adeptos, um piloto excepcional em diferentes condições e com um futuro brilhante na modalidade.
A acompanhar Verstappen, no entanto, os segundos pilotos da equipa não têm sido felizes.
Desde a saída de Ricciardo, com o qual a química não era a melhor, a situação só piorou: Gasly, primeiro, e Albon, depois, tiveram performances claramente inferiores ao esperado e nunca se tornaram uma ameaça para a competição (interna ou externa).
Sergio Pérez é o homem que se segue e depois da dispensa da Racing Point encontrou poiso na Red Bull, para satisfação dos fãs da F1 depois da incrível época do mexicano em 2020.
Tem atitude, habilidade e ambição para dar e vender. E Verstappen terá, finalmente, o seu companheiro de equipa ideal.
Ainda há combustível para competir em Fernando Alonso?
Fernando Alonso conseguiu o seu regresso à F1 e, aproveitando a saída de Ricciardo, vai fazê-lo pelo banco de um Alpine-Renault. O espanhol, duas vezes campeão do mundo numa versão anterior da mesma equipa, não tem nada a provar a ninguém aos 39 anos.
No entanto, os carros da equipa de Cyril Abiteboul têm vindo a melhorar a performance a cada ano e Alonso tem sido bastante agressivo na sua comunicação nesta pré-época.
O posicionamento público da equipa e do piloto elevaram fortemente as expectativas e em 2021 esta será uma das questões mais interessantes de seguir: é tudo bluff, ou a Renault está pronta para brilhar e regressar à luta por coisas importantes?
A última chance de Bottas?
Valtteri Bottas não é um piloto propriamente mediano, nem tem tido resultados sofríveis, mas a sua posição na Mercedes-AMG começa a ficar complicada.
Antes de mais, o inegável: o finlandês tem o mesmíssimo carro de Lewis Hamilton e uma performance vários furos abaixo – algo que o seu companheiro de equipa não se coibiu de referir múltiplas vezes no final da época de 2020.
Depois, numa F1 que é cada vez mais um espectáculo televisivo e de redes sociais, falta a Bottas o carisma necessário para ser um dos pilotos da equipa-que-está-acima-de-todas-as-outras.
Para piorar a situação, há George Russell na fila de espera para agarrar o lugar na equipa.
O jovem inglês é um dos favoritos dos adeptos e de Toto Wolff e todos sabem que é uma questão de tempo até se sentar ao volante de um Mercedes que não seja Williams.