A época ainda agora começou, mas um dos destaques da época já é a AS Roma de Mourinho.
A equipa da capital italiana já soma 3 vitórias em tantos jogos e está a dividir a liderança da Serie A com Milan e Napoli.
Uma questão de expectativas, ou estamos mesmo perante uma equipa que pode vencer a Serie A italiana?
Trazemos 5 razões pelas quais a Roma de Mourinho é mesmo candidata ao título.
1. Um belo mercado de transferências
À entrada da pré-época, a situação não se afigurava fácil para a Roma.
Com o clube numa mini-crise financeira e a lesão de Spinazzola, o trabalho de Mourinho começava logo com vários obstáculos.
Fast-forward para o primeiro mês de época e tudo o que a Roma poderia ter feito, fez e fez bem.
Conseguiu Rui Patrício por 13M e o português tem provado valer cada cêntimo. No lado esquerdo da defesa, Matías Viña caiu em Roma, apesar de todo o interesse mostrado nele, e nem se tem falado de Spinazzola.
No eixo da defesa, Ibañez era excedentário em Bérgamo, mas muito útil no Olimpico.
Depois, a grande dúvida: os avançados contratados.
Perdendo Dzeko, a Roma investiu 17M em Shomurodov e 40M em Abraham.
Os valores foram elevados e as dúvidas eram muitas, mas ambos os jogadores têm sido extraordinários no atual contexto do clube e Abraham é mesmo um dos destaques da Serie A.
Uma candidatura ao campeonato só seria possível com um mercado sem defeitos – a Roma conseguiu exatamente isso.
2. A mentalidade de Mourinho
Sim, é inegável que os últimos anos de Mourinho não foram óptimos.
Com passagens polémicas pelo Manchester United e Tottenham, muitos questionaram a habilidade de Mourinho em lidar com as exigências do futebol moderno.
Na gestão do balneário, foram muitos os problemas para gerir egos como Pogba ou Dele Alli.
No plano estratégico, a Premier League parecia ter avançado mais rápido que Mourinho e o seu futebol parecia lento, previsível, sem chama.
Em Roma, Mourinho encontrou a situação ideal para prosseguir a carreira.
No que diz respeito à gestão psicológica do balneário, os jogadores italianos respeitam a posição do treinador mais do que em qualquer outro país.
Taticamente, a Serie A é perfeita para Mourinho. Um campeonato onde o jogo de xadrez dos treinadores tem mais preponderância do que em qualquer outra liga e em que o ritmo é mais pausado e ponderado.
A própria imprensa e adeptos rivais olham para Mourinho com admiração e excitação, algo que o português já há muitos anos tinha perdido por Inglaterra e Espanha.
3. O buy-in dos jogadores
Desde os tempos de Porto e Inter que não se via uma influência tão grande de Mourinho sobre os seus jogadores.
Nem na passagem em Madrid, que foi bem-sucedida, houve uma crença tão grande por parte do balneário.
Em Roma, Mourinho conseguiu encontrar um conjunto de jogadores que não hesitam em fazer o que o treinador lhes pede e com muita, muita fome de vitórias.
Zaniolo corre mais do que nunca e ajuda nas coberturas defensivas.
Abraham corre os 90 minutos à procura de espaço. Mancini é um líder espiritual. Mkhitarian não perdeu fantasia, mas juntou-lhe concentração e trabalho.
Os laterais (Viña e Karsdorp) estão sempre em jogo e fazem dezenas de piscinas durante uma partida.
Os jogadores compraram a ideia de Mourinho na sua plenitude.
4. A falta de pressão e o calendário
Outra das razões para a candidatura da Roma ao scudetto é a falta de pressão sentida pela equipa.
Ninguém olhou para a Roma como candidata e os jogadores têm desfrutado bastante com os jogos.
A primeira metade da época será feita sem pressão – e isso é ideal para conquistar pontos que não se esperavam e poder lidar com uma candidatura mais lá para diante.
As exigências do calendário também ajudam a Roma. Com Juventus, Inter e Milan na Champions, a Roma terá como competição europeia a Conference League.
Ora, a Conference League apresenta adversários bem mais modestos e permite gerir os minutos (ou a falta deles) do plantel, bem como aumentar os índices anímicos com vitórias a meio da semana.
5. Os adversários da Roma de Mourinho
Apesar de tudo o que foi dito anteriormente, a AS Roma só pode sonhar com a Serie A porque os seus adversários estão quase todos na mó de baixo e/ou num processo de crescimento.
A Juventus iniciou a época como terminou a anterior – com derrotas e empates.
Sem Ronaldo e com a espinha-dorsal da equipa cada dia mais envelhecida, a Juve é candidata, mas está muito longe de ser o rolo compressor que foi na última década.
O Inter perdeu Hakimi e Lukaku, perdeu também Conte e haverá todo um processo de habituação à nova realidade, que é claramente inferior à da época passada.
Do outro lado de Milão, o Milan continua a fazer o seu caminho de crescimento, mas muito dificilmente terá plantel para lidar com Liga dos Campeões e uma candidatura ao título.
Atalanta e Lazio estão também em processos de transformação, sendo que o projecto da equipa de Bérgamo demonstra algum desgaste, ao passo que os laziale vão precisar de uns bons meses até estarem adaptados ao estilo de Sarri.
Isto deixa a Roma como uma das equipas mais sólidas e com mais argumentos para a vitória no campeonato.
É a principal candidata?
Não, mas também não é um mero outsider.
Se há 5 meses, quando Mourinho foi anunciado, parecia impossível lutar pelo título, a situação mudou bastante no entretanto.
Let the games begin.