Começamos por parafrasear o professor Carlos Barroca: esta edição dos playoffs da NBA está a ser “faaaaantástica”!
Reviravoltas incríveis, upsets inesperados, jogos 7 impróprios para cardíacos e prestações individuais inesquecíveis – nada tem faltado nestes playoffs, sendo que a festa começou ainda na fase de play-in, com o clássico entre os Warriors e os Lakers e a afirmação de Ja Morant como estrela máxima e favorito dos fãs.
Com alguns dos principais favoritos já de fora (Nets, Lakers, Sixers), restam apenas os Milwaukee Bucks, Atlanta Hawks, Los Angeles Clippers e Phoenix Suns.
Se Clippers, Bucks ou Suns, não sendo principais favoritos à partida a conquistar o título, também não são grandes surpresas, os jovens Hawks já protagonizaram um dos grandes feitos do ano ao eliminar os Sixers na noite de ontem.
Uma coisa é certa, esta final-four marca a confirmação de nomes como Devin Booker e Trae Young como super-estrelas, mas também de John Collins, Clint Capela, Mikal Bridges ou DeAndre Ayton. E, talvez ainda mais importante, confirma também que é possível lutar por títulos fora das grandes metrópoles e franchises históricas, que o romantismo está vivo e as super-equipas vieram para ficar – mas também foram feitas para serem derrotadas, seja porque circunstância for.
Vamos então falar de basquetebol.
Phoenix Suns vs Los Angeles Clippers
Esta é, para muitos, uma final de conferência surpreendente. Os Suns, apesar de serem segundos cabeças-de-série, tiveram de enfrentar os Lakers, defensores do título, na primeira ronda e não eram favoritos à vitória, ainda que muita gente acreditasse neles.
Tudo mudou com a lesão de Anthony Davis. Os Suns, apesar de terem também CP3 em dificuldades, aproveitaram a ausência da super-estrela dos Lakers para vencer os últimos jogos com relativa facilidade e depois, contra uns Nuggets também desfalcados, dominaram por completo as meias-finais vencendo por 4-0.
Os Clippers, por sua vez, eram, das últimas 4 equipas em provas, os únicos favoritos a estar nas finais de conferência. Apesar da ausência de Ibaka, a profundidade do plantel e o duo George e Leonard mantiveram o seu estatuto de favoritos. No entanto, nas meias-finais, apesar de terem conseguido bater os Jazz por 4-2, perderam Kawhi Leonard após o jogo 4 com problemas no joelho.
A profundidade joga a favor dos Suns
Ninguém sabe ao certo o estado físico de Leonard. Inicialmente, temeu-se o pior, uma lesão grave que o afastaria até à próxima época. As últimas notícias, dizem apenas que não vai jogar os 2 primeiros jogos em Phoenix (não viajou com a equipa), deixando a antever uma possível aparição nos dois seguintes em Los Angeles. Mas prever se Leonard joga ou não nesta série neste momento parece pura futurologia.
O que não parece de todo futurologia, é prever que os Suns vão sair por cima nesta série. Neste momento, já levam vantagem de 1-0 e, pese embora o equilíbrio na partida (114-120), a verdade é que os Suns mostraram sempre mais argumentos… apesar da ausência de Chris Paul!
Paul é, na verdade, a chave para o favoritismo dos Suns. O veterano base jogou como nunca contra os Nuggets e a lesão que sofreu contra os Lakers pareceu completamente ultrapassada. A sua ausência deveu-se a um problema relacionado com a covid-19, mas CP3 não testou positivo e vai acabar o período de quarentena em breve. Se não jogar o jogo 2, jogará provavelmente o 3.
Com Paul nos Suns e sem Kawhi nos Clippers, os argumentos da equipa de LA esgotam-se. Paul não é um jogador capaz de carregar constantemente com pontos o ataque da sua equipa (embora já o tenha feito nestes mesmos playoffs)… mas também não precisa. Os Suns têm Booker, tal como os Clippers têm Paul George. A equipa de LA fazia a balança pender com Leonard, mas sem a sua principal estrela e talvez também sem Morris, resta-lhe esperar pelos rasgos de Reggie Jackson… ou Rajon Rondo? Um nome em que ninguém quer confiar numa final de conferência em 2021.
O jogo 1 sustentou as nossas previsões
No primeiro jogo, os Clippers mantiveram a confiança no small-ball, jogando com Batum a center. Mas, ao contrário do que aconteceu com Gobert e com os Jazz, os Suns facilmente provaram, através de Ayton (no ressalto ofensivo e nas finalizações debaixo do cesto), de Booker e até Cameron Payne (nas investidas para o cesto) que Batum não é a solução.
Com a possível ausência de Morris para o próximo jogo, é pouco provável que haja forma de contrariar esta tendência. Zubac, o verdadeiro “5” da equipa de LA, jogou 18 minutos e acumulou rapidamente 3 faltas. Cousins, 5 faltas em 13 minutos – nenhum dos dois consegue parar Booker ou, no futuro, CP3 e sem trocas nos bloqueios, Ayton é demasiado forte a rolar para o cesto para que não se crie imediatamente uma vantagem para os Suns.
A chave para os Clippers podia estar do outro lado. Estender o campo, fazer-se ver da capacidade dos seus 5 jogadores em campo de atirarem de 3 (Zubac é o único jogador da rotação que não lança), rodar a bola e atacar o cesto. Mas quando estão quase sempre 3 ou 4 defesas competentes do outro lado da bola, isso não é fácil, especialmente quando o único poste puro dos Suns é Ayton, perfeitamente capaz de defender em espaço aberto. No jogo 1, os Clippers lançaram 20/47 de 3 pontos, uma marca incrível. Reggie Jackson marcou 24 pontos. A certa altura o próprio Cousins teve um ótimo momento em que manteve o jogo equilibrado. E nada disto foi suficiente… sem Chris Paul do outro lado. Se os Suns também lançaram muito bem de 3 (13/32) e tiveram Booker inspirado, a verdade é que Chris Paul por si só fará grande diferença.
Os Suns estão, também, muito mais frescos. Booker falhou alguns lançamentos no último período, tal como Paul George. Mas a linguagem corporal de ambos era completamente diferente. Os Clippers vêm de 6 jogos muito intensos que só não foram 7 devido a uma recuperação épica, protagonizada por… Terance Mann, um jogador que acabou a época com 7 pontos por jogo, mas marcou 39 no jogo 6 frente aos Jazz. Os Suns, por sua vez, varreram os Nuggets e tiveram 7 dias para descansar.
Suns em 5… ou talvez até em 4?!
Com a possível baixa extra de Marcus Morris, com Paul George a ter bastantes minutos acumulados e muito mais pressão sobre si mesmo que Devin Booker e o provável regresso de Chris Paul, a não ser que tenhamos um regresso inesperado de Leonard já no jogo 3, os Phoenix Suns deverão estar nas finais da NBA de 2020/21.