Ao segundo jogo no Grupo F, Portugal desceu à Terra.
Se o primeiro jogo terminou com um resultado ajustado ao que se passou em campo, o mesmo pode ser dito deste segundo. A diferença é que Portugal esteve em Munique do lado errado do jogo – não quis assumir nunca a bola e pagou claramente por isso.
A nossa selecção até entrou a ganhar e voltou a marcar numa bola parada, mas foi incapaz de conter a avalanche ofensiva dos alemães. Resultado final: 4-2.
O Bom
Havertz
Durante a última época e meia, Havertz transformou-se num dos melhores “9 e meio” do futebol mundial. Ninguém dá por ele, perdido entre-linhas, mas está sempre a espreitar o perigo, seja no ataque à profundidade, seja a aparecer em espaços perdidos dentro da área. Provocou os dois primeiros golos dos alemães, marcou o terceiro e não fosse Patrício e ainda tinha feito mais vezes o gosto ao pé.
No jogo com Portugal ainda teve o bónus de muitas vezes defender Cristiano Ronaldo nas bolas paredes, sempre com eficácia.
O Mau
Bernardo Silva
É um belíssimo jogador, a fazer um Euro mediado até agora. Bernardo não tem tido por Portugal a mesma dinâmica e motor que apresentou esta época em Manchester. Tem também tido falhas de concentração claras, seja nas coberturas defensivas, seja na distribuição.
No entanto, o modelo de jogo da nossa selecção também não potencia minimamente as características do médio. Bernardo é dos melhores dos mundo em espaços curtos e jogo apoiado, mas Portugal aposta sobretudo num jogo directo e de transição rápida.
O Vilão
Fernando Santos
Obviamente que o engenheiro não é um vilão. Deu-nos o Euro 2016 e, até ver, mantém-nos na luta pelo Euro 2020.
É inegável, no entanto, que há uma apetência demasiado forte para abdicar do jogo sempre que o adversário é de topo. Portugal tem alguns dos melhores – e mais técnicos – jogadores do mundo, mas invariavelmente entra em jogo com bloco muito baixo, linhas muito compactas e crença, mais do que fantasia.
Portugal foi perigoso no início do jogo e até entrou a ganhar, mas nunca pareceu realmente no controlo do jogo. Deu sempre a bola à Alemanha e mesmo a partir do 2-1 a selecção não pareceu nunca confortável com ter bola e querer dominar os tempos do jogo.
Uma reedição de 2016 é possível, mas não nos mesmos moldes. Se Portugal quiser revalidar o título de campeão europeu, então terá de assumir uma postura inteiramente diferente daquela que apresentou em Munique.