Está de volta a rainha de todas as competições de clubes.
A final da Liga dos Campeões é, todos os anos, o evento desportivo mais acompanhado em todo o mundo.
Para se chegar lá, no entanto, é preciso passar várias eliminatórias e provar que se é digno de ser candidato ao troféu mais cobiçado do futebol europeu.
Esta é a primeira parte do guia de antevisão para a Liga dos Campeões, que diz respeito às 4 eliminatórias que serão jogadas a 16 e 17 de Fevereiro e a 9 e 10 de Março.
Liga dos Campeões: As 4 eliminatórias
F.C. Porto vs Juventus
À partida, esta é uma das eliminatórias que tem um claro favorito: a Juventus.
Ainda assim, uma análise mais fina do presente e do passado recente das equipas rapidamente conclui que esta é uma eliminatória mais equilibrada do que parece.
Vamos às razões para isso?
A equipa de Sérgio Conceição, esta época, recorreu a um desenho táctico distinto para enfrentar os jogos contra os grandes na Liga dos Campeões (Man. City), fazendo uso de linha de 3 centrais que, ora pelo uso de Mbemba na direita, ora de Sarr na esquerda, raramente se desequilibra e dá espaço ao adversário.
Outra das características dos portistas no momento defensivo, na Champions, é o uso de linhas mais recuadas, o que pode ser eficaz para contrariar as ameaças de Ronaldo, Morata e Kulusevski, todos adeptos do aproveitamento da profundidade.
No que diz respeito à Juventus, e ainda que tenha claramente melhor plantel, esta tem sido uma época difícil na Serie A, com Pirlo a demonstrar alguma incapacidade para ler os jogos e falta de soluções ofensivas quando os titulares não estão aptos.
Contra a Juventus há, também, as últimas eliminações na competição, às mãos do Ajax, primeiro, e do Lyon, depois, ambos claramente inferiores à toda-poderosa formação transalpina.
Posto isto, e apesar de existirem argumentos para pensar que poderemos ter uma eliminatória equilibrada, a Juventus tem Cristiano Ronaldo, a estrela-maior da História da Liga dos Campeões, e tem vindo claramente num crescendo de forma.
Em ambos os casos, aspectos que se poderão provar demasiado pesados para as aspirações dos portugueses.
Barcelona vs Paris Saint-Germain
Este emparelhamento começa a transformar-se já num clássico da Liga dos Campeões, mas este ano promete ser menos equilibrado do que tem sido.
O Paris Saint-Germain dispensou Tuchel bem cedo na época, para dar tempo a Pochettino de se ambientar e moldar a equipa à sua imagem antes de chegar aos jogos a eliminar nesta competição.
Alguns resultados menos positivos, fruto da adaptação da equipa aos novos métodos, mas nada que faça temer os franceses, que são das equipas com mais talento e mais fome de títulos nesta competição.
Depois de algumas lesões, Neymar e Mbappé devem estar aptos e sem limitações para enfrentar o Barcelona, ao passo que Di María, Icardi, Verratti e Paredes passam possivelmente pelos melhores momentos das suas carreiras.
Do outro lado, um Barcelona quase irreconhecível.
Afectado por lesões de homens preponderantes (Piqué, Busquets) e pela saída de outros (Suárez, a saída anunciada de Messi), os catalães atravessam uma época muito complicada de reformulação do seu plantel.
Com eleições à porta, um treinador em estado de desespero e Lionel Messi desmotivado, serão mínimas as chances de ver um Barcelona ao nível que nos habituou nas últimas duas décadas.
Há talento para dar e vender, ainda assim, e por mais que o favoritismo recaia sobre o PSG, o Barcelona continua a ter hipóteses de se apurar.
Sevilla vs Dortmund
No papel, esta é claramente a eliminatória mais equilibrada dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
Qualquer tipo de vantagem que o Dortmund pudesse ter antes do início da época esfumou-se no mau campeonato que tem feito, no despedimento de Favre e na incapacidade de alguns dos seus jovens evoluírem como se esperava.
O Sevilla de Lopetegui é uma equipa bem construída pelo seu treinador e diretor desportivo, Monchi (do qual já falamos aqui no blog), com uma ideia clara de jogo, recheada de talento e com muita estabilidade.
Ademais, vencedores de múltiplas Liga Europa, estão mais do que habituados a confrontos europeus contra grandes equipas.
O Dortmund, com Terzic ao comando, é uma equipa que está claramente em transição e com falta de qualidade em algumas posições, quase todas elas no sector defensivo. 8 derrotas em 20 jogos na Bundesliga deixam bem claro que este Borussia Dortmund está mais frágil do que nunca.
Taticamente, o matchup deve resultar em dois jogos interessantes: o Sevilla gosta de manter a bola e progressão com passe curto, num 4-3-3 clássico que potencia devidamente os seus avançados, De Jong e El-Nesyri.
Já o Dortmund, ainda que um tudo ou nada descaracterizado esta época, continua a sentir-se mais confortável em transições rápidas e não tem medo de ter menos bola no jogo.
Liverpool vs Red Bull Leipzig
Uma eliminatória com características idênticas à que opõe Juventus e F.C. Porto.
Também aqui há uma equipa claramente melhor, o Liverpool, mas cujo contexto não ajuda.
A equipa de Merseyside teve tantas lesões arrasadoras, esta época, que é comum vermos dois médios (Fabinho e Henderson) a jogar como defesas-centrais.
No ataque, a lesão de Jota, que estava num momento de forma incrível, obrigou Salah, Firmino e Mané a mais jogos do que seria aconselhável neste calendário atípico.
A juntar a isto, há um cansaço, normal, do projecto – alguns dos futebolistas parecem estar a precisar de um novo desafio e há momentos em que a equipa é incapaz de enfrentar situações desfavoráveis.
Do outro lado, um Leipzig que continua a cimentar o seu percurso entre a elite europeia, com uma equipa recheada de jovens talentosos e um treinador que é já considerado uma das mentes mais brilhantes do futebol do velho continente.
No Leste da Alemanha há muito pouca pressão para lutar pela Bundesliga (o Bayern já vai bem isolado no primeiro lugar) e poucas ameaças ao apuramento directo para a Champions da próxima época, pelo que as atenções estarão viradas, justamente, para este confronto com o Liverpool.
Aconteça o que acontecer, estaremos perante dois jogos fenomenais, entre dois discípulos da escola alemã de Ralf Rangnick e do seu geggenpressing.