Está de volta a rainha de todas as competições de clubes.
A final da Liga dos Campeões é, todos os anos, o evento desportivo mais acompanhado em todo o mundo.
Para se chegar lá, no entanto, é preciso passar várias eliminatórias e provar que se é digno de ser candidato ao troféu mais cobiçado do futebol europeu.
Esta é a segunda parte do guia de antevisão para a Liga dos Campeões, que diz respeito às 4 eliminatórias que serão jogadas a 23-24 de Fevereiro e a 16-17 de Março.
Liga dos Campeões: As 4 eliminatórias (2ª parte)
Atlético Madrid vs Chelsea
Uma das eliminatórias mais difíceis de prever e cujo contexto mais se alterou entre a data do sorteio e a da realização dos jogos.
Os espanhóis estão bastante focados em tornarem-se campeões da La Liga, enquanto o Chelsea, que vinha em queda abrupta, trocou de treinador (Lampard saiu, para dar lugar a Tuchel) e está finalmente a jogar tudo aquilo que, antes da época começar, se esperava que esta equipa pudesse jogar.
A equipa de Simeone tem maior favoritismo, até em função da experiência do plantel neste tipo de partidas e da motivação extra que a bem-sucedida época está a gerar.
Taticamente, é o mais flexível de todos os Atleti desde a chegada de El Cholo, com uma alternância entre um sistema de 3 centrais e uma linha de 4 a proporcionarem uma camada de imprevisibilidade que não era comum de se ver nos colchoneros.
Do lado do Chelsea, Tuchel conseguiu recuperar mentalmente os seus jogadores e, espera-se, poderá potenciar as duas maiores figuras da equipa, os compatriotas Kai Havertz e Timo Werner.
A chave será perceber se há tempo suficiente para trabalhar a equipa ao ponto de ela ser competitiva numa eliminatória da Champions frente a um Atlético que está mais do que pronto para o confronto.
Lazio vs Bayern Munique
No papel, é a mais desequilibrada eliminatória destes oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
De um lado, uma Lazio que se apurou com imensas dificuldades, frente a um Club Brugge que jogava com 10 elementos, e que tem estado abaixo das expectativas na Serie A desta época. Do outro lado, o campeão europeu em título e uma equipa cuja fome de títulos não parece diminuir com o tempo.
Este Bayern de Munique é fortíssimo, construído para marcar uma década e muito dificilmente se ficará pelos oitavos-de-final desta Champions League.
A Lazio vive o melhor momento de forma de toda a época e tem um sistema bem oleado de 3 centrais, 5 médios e 2 avançados que se entendem na perfeição (Immobile e Correa).
Tem muitas dificuldades com o controlo da profundidade, no entanto, e isso poderá ser fatal contra um Bayern que tem Sané, Douglas Costa, Coman e Gnabry na frente de ataque.
Já os bávaros, como tem sido hábito, voltaram a renovar a equipa sem perder os seus pilares ofensivos (Mueller e Lewandowski) e não só continuam a ser a formação europeia mais sólida e equilibrada em todos os momentos do jogo, como têm uma mentalidade inigualável, não se deixando abater com maus momentos nas partidas e com adversários mais fechados.
Tarefa muito complicada para os italianos.
Gladbach vs Manchester City
O outro Borussia alemão desta eliminatória está em alta, mas vai apanhar pela frente o mais forte Manchester City desde que Pep tomou o controlo da equipa inglesa.
A época dos alemães tem dado sinais positivos e o bom trabalho de Marco Rose aos comandos é absolutamente inquestionável.
No desenho táctico, a equipa alterna entre o 3-5-2 e o 4-4-2 (Zakaria, o melhor jogador do plantel, é instrumental nestas mudanças), mas a dinâmica raramente se altera: é uma equipa com pouca largura no momento ofensivo, que aposta nas transições rápidas e tenta agredir o adversário com a velocidade dos seus avançados.
No papel, defrontar uma equipa que gosta de ter bola não será um problema para o Gladbach.
O problema, no entanto, é que do outro lado está uma das equipas no mundo, senão a principal, que melhor sabe o que fazer quando tem bola e como controlar o jogo.
O projecto de Pep está no seu ponto mais alto e esta época, a espaços, o City faz por vezes lembrar o melhor Barcelona de Guardiola.
A solidez defensiva que o par Stones-Ruben Dias trouxe, em conjunto com as espectaculares épocas de Cancelo, Gundogan e Foden, provavelmente provarão ser demasiado para o adversário.
Se fosse, como na época passada, uma eliminatória de jogo único, talvez o Gladbach tivesse chances de eliminar os ingleses. A duas partidas, será extremamente difícil imaginar outra coisa que não o City nos quartos-de-final da competição.
Real Madrid vs Atalanta
Por todo um conjunto de acontecimentos (a maioria negativos, até), esta será uma das eliminatórias mais interessantes destes oitavos.
A Atalanta de Gasperini perdeu Papu Gomez para o Sevilla, mas continua a ser a mesma equipa dos últimos anos: um maravilhoso projecto de futebol que, num dia mau, é capaz de perder qualquer jogo e, num dia bom, será provavelmente a melhor equipa em campo, independentemente do adversário.
Os italianos continuam a marcar quase 2.5 golos por jogo, mas também sofrem mais do que um por partida.
O apetite pelo futebol ofensivo é um brinde para os adeptos, mas é levado ao limite e traz muitos dissabores no momento de organização defensiva.
Já o adversário…Real Madrid.
O clube com mais títulos na competição e que nos habituou a pensar que pouco interessa como estão no campeonato espanhol, porque na Liga dos Campeões a performance é invariavelmente outra.
Não é a primeira vez que a equipa, com Zidane, fica cedo arredada da luta pelo título espanhol, mas vence o maior título europeu.
No entanto, esta é a pior época de Zidane aos comandos do Real, contabilizando ambas as passagens do francês.
Para mal dos pecados dos madrileños, Sergio Ramos falhará a eliminatória, bem como Hazard e Valverde.
Parecem contrariedades a mais, mesmo para o Real, mas se há equipa que surpreende sempre tudo e todos, para o bem e para o mal, é o ex-clube de Cristiano Ronaldo.