Depois de um Tour de France 2020 dominado pelos eslovenos Primož Roglič e Tadej Pogačar, decidido apenas no contra-relógio da penúltima etapa, com vitória sensacional do jovem Pogačar, esperava-se nova luta intensa até final na edição deste ano.
Para além dos eslovenos, outros grandes voltistas dos últimos anos se apresentaram como candidatos à vitória: Geraint Thomas, Richard Carapaz e Richie Porte encabeçavam, por esta ordem, a super-equipa da Ineos.
Na Movistar, Miguel Angel Lopez procurava fazer melhor que o 6º posto de 2020, acompanhado pelo seu novo colega Enric Mas, 5º no ano passado. Kelderman, Yates, Urán… nomes de peso não faltavam para a geral, e ainda havia o eterno Valverde, Nairo Quintana ou Julian Alaphillippe.
Mas logo na 3ª etapa a luta pelo título começou a perder brilho.
Quedas no pelotão, não só roubaram tempo, como deixaram mal tratados nomes como Thomas, Roglič e Miguel Angel Lopez. E com os principais rivais a não estarem nas melhores condições, ao contra-relógio da 5ª etapa, Pogačar começou a voar para a amarela, ganhando a etapa e tempo a toda a concorrência.
O jovem esloveno não quis deixar dúvidas e ao 8º dia, na primeira etapa de alta-montanha, ganhou mais de 3 minutos a toda a concorrência direta.
E assim, numa primeira semana muito animada, o Tour de France 2021 parecia ter ficado arrumado. A passagem pelos Alpes, na segunda semana, não trouxe novidades de maior para a geral.
Mas com a luta acesa pela classificação da montanha e pelo pódio e, com o grande regresso de Cavendish, ainda há motivos para acompanhar a fase final da Volta à França deste ano.
Vamos a eles!
O que vai fazer Tadej Pogačar nos Pirenéus?
A 5 etapas do fim, parece que já nem vale a pena questionar a vitória do esloveno.
Pogačar chegou, viu e venceu… e fê-lo com muito tempo para aproveitar as maravilhosas vistas das regiões montanhosas em França.
No entanto, a corrida não acaba aqui e, apesar da equipa estar preparada para o defender nas dificuldades iniciais – Rui Costa incluído – a UAE Emirates não tem, à partida, ninguém para escudar o esloveno até à meta e mantê-lo à frente dos outros grandes trepadores ainda na luta pelo pódio.
Assim sendo, podemos ver Pogačar a não deixar os seus créditos por mãos alheias e a procurar ganhar etapas e aumentar ainda mais a diferença nestes últimos dias.
Carapaz, Urán ou Kelderman vão certamente procurar ganhar tempo nas montanhas, mas até agora nenhum provou ser capaz de bater o jovem da UAE que, apesar do domínio na geral, ainda só ganhou uma etapa. Há também a possibilidade do esloveno ficar apenas em ritmo de passeio.
Mas esperemos para o bem do espetáculo que não o faça.
Os portugueses ainda podem ganhar uma etapa no Tour de France?
Ruben Guerreiro e Rui Costa não são estranhos a vencer em grandes voltas. Rui Costa, aliás, já por 3 vezes venceu no Tour, acumulando mais alguns lugares no pódio em etapas.
Mas a verdade é que Costa veio para esta Volta à França com a missão de ajudar Pogačar a vencer, missão essa que tem cumprido.
Nenhuma das ultimas etapas se enquadra nas suas características e é pouco provável vermos o ex-campeão do mundo em fuga. Ruben Guerreiro, por outro lado, já andou na frente este ano e, tem na ultima etapa de montanha, uma oportunidade de brilhar.
Apesar do segundo lugar que ocupa o seu companheiro de equipa Rigoberto Urán, o português parece ter alguma liberdade para procurar vitórias e, com uma etapa curta e sem chegada ao alto apesar das duas contagens de categoria especial, um trepador como o Ruben poderá ter aqui o seu dia.
Mark Cavendish vai bater o recorde de vitórias no Tour?
Depois de ver a sua carreira praticamente dada como terminada, o sprinter britânico está a ter uma autêntica segunda vida neste Tour de France 2021.
Acontece que, a “primeira vida” de Cavendish foi tão boa, que 5 anos depois da sua última vitória em França, o britânico pode agora tornar-se no maior vencedor de sempre, batendo um recorde de Eddie Merckx que parecia inalcançável.
Cavendish leva já 4 vitórias nesta edição do Tour, um número por si só impressionante, mas ainda mais espetacular tendo em conta que ganhou todos os finais ao sprint, em pelotão compacto, até agora.
Com mais duas etapas planas pela frente, incluindo a chegada a Paris, onde já ganhou por 4 vezes, resta apenas saber se o cansaço acumulado o irá impedir de chegar à glória nos últimos dias.
E que bonito seria ver Cavendish bater este recorde, logo na chegada aos Campos Elísios.
Façamos figas!