Os rumores já andavam por aí, mas agora ficou finalmente confirmado: há 12 clubes de topo europeus que estão prontos para se juntar, abandonar as competições europeias e os campeonatos nacionais e fundar uma Superliga Europeia.
A notícia caiu como uma bomba e foram muitas as vozes que se levantaram contra esta competição.
Os maiores e mais poderosos clubes europeus vieram dar uma ‘sapatada’ no atual estado do futebol.
Será assim tão mau, ou até pode vir a salvar o futebol?
Já imaginaram uma Liga dos Campeões sem Real, Barcelona, Liverpool ou Manchester City?
Superliga Europeia: Sim ou Não?
Por cada clube poderoso que decidir abandonar as atuais competições nacionais e internacionais, haverá um clube tradicional, de média dimensão, mais perto de vencer essas competições e fazer história.
Por cada Real Madrid que sair da Champions, haverá um Midtjylland com reais possibilidades de ultrapassar a fase de grupos, ou um Porto/Benfica/Sporting com possibilidades de sonhar com finais europeias amiúde.
Nas ligas nacionais, as perspectivas são ainda mais animadoras para qualquer adepto do futebol em estado puro.
Uma La Liga disputada até ao fim por Sevilla, Valencia e Athletic Bilbao? Uma Premier League ganha por Everton, Southampton ou West Ham? Uma Serie A onde Roma, Lazio, Napoli, Atalanta e Fiorentina trocam campeonatos a cada ano?
Estamos a falar de clubes com mais de uma centena de anos de história, centenas de milhares de adeptos locais e uma história rica de aproximação das comunidades locais e de trabalho social.
Clubes míticos que só não ganham mais vezes porque o futebol moderno criou um grande fosso entre os clubes mais poderosos e os mais pequenos. Entre os clubes mais globais e os mais locais.
Por alguma coisa o futebol é o desporto mais popular do mundo e o desporto das massas, acima de todos os outros.
A sua popularidade advém da pluralidade de narrativas, ideologias e identidades que o compõem.
Advém do facto de um St Pauli poder ser um clube popular em todo mundo, ainda que nunca tenha vencido uma Bundesliga.
Ou do facto de o West Ham ser um dos clubes mais populares de Londres, uma cidade que tem Arsenal, Chelsea, Tottenham a competir pela base de apoio local.
Se os clubes mais poderosos do mundo se quiserem juntar, abandonar as competições nacionais e a Liga dos Campeões, talvez seja uma oportunidade para o futebol regressar às bases e a um modelo competitivo em que todos podem, de facto, ganhar a todos.
Todos sairão a ganhar com esta nova competição.
Os clubes que farão parte dela, naturalmente, porque aumentarão em muito os seus lucros e, porventura, a sua popularidade global, numa competição que pode atingir o estatuto de uma NBA ou F1 (um mundo à parte dentro de um determinado desporto).
Os clubes que não fazem parte dela porque continuarão a trilhar o seu caminho e a enriquecer a sua história, fazendo milhões e milhões de adeptos felizes por poderem, finalmente, chegar ao topo das suas ligas.
Talvez a Superliga Europeia venha, afinal de contas, mesmo a salvar o futebol.