Criados em 1896, os Jogos Olímpicos são uma das maiores celebrações da Humanidade, mas em mais de um século também já tivemos um conjunto de modalidades olímpicas que deixaram muito a desejar.
Se leste os nossos artigos sobre os desportos mais estúpidos do mundo, acredita que o que se segue não é muito mais lógico e são.
Até chegarmos à atual configuração dos Olímpicos (sendo que mesmo essa se altera com frequência), já passamos por muitas experiências e tentativas de elevar diferentes modalidades ao estatuto de Olímpicas.
Vamos ver a lista?
1. Artes
Ok, tu leste Artes e pensaste “sim, mas que desporto era, afinal?”.
A resposta é: artes.
Se lhe quiseres chamar desporto, força.
Nitidamente, o Comité Olímpico também utilizou esse termo durante os 36 anos em que foi modalidade nos Jogos!
Em 1912, Pierre de Coubertin, o fundador dos Olímpicos, fez questão de incluir a modalidade de Artes na competição.
Foi dividida em 5 eventos distintos:
- arquitetura;
- literatura;
- música;
- pintura;
- escultura.
As obras eram expostas em museus e avaliadas por um painel de especialistas.
As Artes foram modalidade olímpica em 7 edições distintas dos Jogos, entre 1912 e 1948 e até o fundador dos Jogos Olímpicos venceu uma medalha de ouro, em literatura.
Em 1952 deixou de ser parte da competição por se acreditar que os participantes eram profissionais – logo contrários ao espírito olímpico de amadorismo.
Uma última nota: Alfred Hajos, húngaro, foi a única pessoa a vencer uma medalha olímpica num desporto (natação) e numa forma artística (arquitetura).
2. Barcos a motor
Ah, o espírito olímpico, essa coisa maravilhosa.
Amadorismo, atleticismo, esforço e glória.
O suor, o ácido lático em níveis monumentais, aquele último momento em que se supera o adversário numa passada larga.
Tudo isto ou barcos a motor, claro.
Em 1908, o Comité Olímpico achou boa ideia ter uma competição de barcos a motor nos Jogos. Sem uma ponta de esforço físico ou mental, sem a mínima influência dos atletas.
Ganhava simplesmente o barco com o melhor motor, o que no fundo tornava isto numa modalidade de mecânicos, ao invés de atletas.
Só durou uma edição, mas já foi uma edição a mais do que devia ter durado.
3. Salto em comprimento e em altura…equestre
4 anos depois dos barcos a motor, novamente uma ideia brilhante.
Estas duas modalidades tinham uma ponta de atletismo e bastante esforço à mistura, é verdade.
Só não tinha uma coisa importante: humanos.
Em 1912 foram atribuídas medalhas em duas modalidades que só envolviam cavalos: o salto em comprimento e o salto em altura, sem uma pessoa em cima do animal.
É um bocado estranho que fossem atribuídas medalhas a cavalos, que não subiam a um pódio e que provavelmente eram todos importados, mas o que seria dos Jogos Olímpicos se não tivessem uma boa dose de estranheza à mistura?
4. Malabarismo de tacos
Nós gostávamos de estar a inventar modalidades, mas os Jogos Olímpicos sempre foram férteis em eventos desportivos que não eram eventos. Nem desporto.
Em 1904 e em 1932 (se uma ideia é péssima, porque não repeti-la?) o club swinging foi modalidade olímpica.
Numa espécie de precursor da ginástica artística, os participantes rodavam tacos gigantes ao redor do corpo.
Ao contrário da ginástica artística, faziam-no sem música.
Sim, pareciam tão ridículos quanto tu imaginas que pareciam.
5. Tiro aos pássaros
Terminamos com outro evento Olímpico que em nada fazia jus ao espírito dos Jogos.
Em 1900, na segunda edição dos Jogos Olímpicos, os organizadores acharam por bem incluir um evento onde se matavam pássaros com uma carabina.
Felizmente, a modalidade seria depois substituída por aquilo que hoje temos como tiro aos pratos, mas durante um Verão, em Paris, foram mortos mais de 300 pássaros em nome do desporto.
Se em muitos casos podemos lamentar que o espírito olímpico imaginado por Coubertin se tenha perdido, outros tantos nunca deveriam ter tido lugar.